”Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria” (Lucas 4,24).
Nesta passagem, Jesus, o Profeta enviado de Deus, se compara ao profeta
Eliseu e ao profeta Elias; Ele mesmo dá o exemplo de que Elias não fez o
milagre para o povo da sua região, ali de Israel, mas sim para uma
viúva que era de Sarepta na Sidônia. Do mesmo modo ocorreu com o profeta
Eliseu, pois embora houvesse muitos leprosos em sua época, quem foi
curado pela intercessão dele foi Naamã, que era sírio (cf. 2 Reis 5).
O povo judeu reivindicava para si o direito de ser o único povo de
Deus, o único povo a receber as benesses, as bênçãos, as graças de Deus;
no entanto, o Senhor veio para todos e até aqueles que talvez tivessem
mais direito de receber os dons de Deus, a graça de Deus, muitas vezes,
não os recebem porque se comportam com uma total frieza e indiferença. E
por isso, Deus dá os Seus dons, a Sua graça e Suas bênçãos a quem Ele
desejar, a quem precisar receber essas graças. Não importa a
nacionalidade, a região ou lugar no mundo, todos têm direito a receber a
graça do Senhor. Do outro lado, quando o Senhor diz que nenhum
profeta é bem aceito em sua pátria, é bom lembrar o que acontece em
nossas casas, pois, muitas vezes, os filhos não escutam seus pais,
escutam todos da rua, menos os pais e os irmãos. E utilizam aquela
famosa frase: ”Quem é você para falar alguma coisa para mim?”.
Quantas vezes, as pessoas se acostumam com o padre que já tem, com o
pregador que já tem, aquele que já é dali, por isso dizem: “Não, nós
precisamos de alguém de fora, esse aqui já é nosso, estamos acostumados
com ele!”, e assim por diante. Nós, muitas vezes, não sabemos acolher os
dons que estão próximos de nós, nem valorizar aquilo que Deus deu a nós
e queremos buscar sempre fora aquilo que Deus nos deu. Por essa razão,
desse modo vamos enfraquecendo a autoridade e a relação que o profeta, o
pai, a mãe e aquele que Deus enviou a nós podem exercer sobre nós.
Porque, devido à nossa exigência de querer sempre o melhor, nós achamos
que o melhor é quem está fora, é quem está distante. Esquecemos que o
pai, a mãe, o irmão, o profeta, o padre e o pastor que temos são o dom
que Deus nos deu. Se soubéssemos aproveitá-los melhor, valorizá-los
muito mais, nós receberíamos, por intermédio da intercessão deles, mais
graças de Deus do que pelas mãos de qualquer outro profeta.
Valorize o dom de Deus que está perto de você, saiba acolher o melhor
que há em cada pessoa! O de fora sempre parece melhor, porque o de fora
nós conhecemos a casca e, às vezes, tem tantos limites como os que nós
temos perto de nós.
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