Os olhos da fé nos aproximam de Deus

quinta-feira, 3 de julho de 2014

“Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (João 20, 29).

Nós hoje celebramos o apóstolo São Tomé, santo que, na crendice popular e no dizer do povo, é o símbolo da incredulidade. As pessoas até dizem: “Eu sou igual a São Tomé, se eu não ver, eu não creio, eu não acredito!”. Contudo o apóstolo São Tomé que a Igreja nos propõe como modelo de fé é, acima de tudo, um homem muito sincero e muito convicto daquilo em que ele crê.
São Tomé é um homem que procura crescer na fé, ele ainda não teve um encontro, num primeiro instante, com Jesus Ressuscitado. Ele não duvida de Jesus, mas gostaria de poder experimentar de forma mais autêntica a presença do Ressuscitado; por isso ele quer tocar no Senhor, tocar no Seu lado aberto. Quando o Senhor Ressuscitado ali aparece e lhe permite tocar n’Ele, cai por terra toda a incredulidade, todo o racionalismo e todo o questionamento que vêm ao coração desse apóstolo.
Então, Jesus proclama uma nova bem-aventurança, um novo sentido de felicidade tão necessário para o mundo de hoje. Nós vivemos em um mundo pragmático, no mundo das evidências, no mundo racional, no qual se tudo não for comprovado por “A mais B”, se não for demonstrado cientificamente, não vale.
A Igreja reconhece o valor da ciência, sabe do valor que a ciência tem para melhorar a vida da humanidade, para trazer conquistas para o bem de todos os homens. Como a Igreja recorre e reconhece o valor dos aspectos científicos! Apenas ressalta que a ciência não deve se contrapor à fé e nem a fé se contrapor à ciência. Mas também é verdade que a fé é um grau mais elevado da condição humana por nos pôr em contato com o sobrenatural, não de forma humana e racional, mas naquilo que é o mais íntimo da natureza humana, o espírito humano criado por Deus, a alma humana, para que se comunique, para que esteja em comunhão com o Criador.
As realidades divinas não são tocadas de forma humana. Eu nunca vi o Senhor, e todos nós nunca vimos o Senhor. Humanamente falando, racionalmente falando, os nossos olhos não veem, mas o olhar da fé contempla, percebe, é apoderado e tomado por essa presença divina.
Bem-aventurado quem crê sem ter visto, é quem faz da fé não um baluarte da razão, mas uma condição espiritual. Não uma condição espiritual lógica, boba e sem sentido, mas faz da fé e da mística uma razão de viver, um ponto de encontro com a realidade mais sublime da existência: o ponto de encontro com Deus, o ponto de encontro com a realidade divina, o ponto de encontro com o céu.
O céu está presente no meio de nós, para vê-lo é preciso ter fé! Os olhos humanos não chegam até ele, mas os olhos da fé nos aproximam dele e nos fazem levar as realidades celestes para o mundo em que vivemos.

Deus abençoe você!

Fonte: Canção Nova

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