“Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (João 20, 29).
Nós hoje celebramos o apóstolo São Tomé, santo que, na crendice
popular e no dizer do povo, é o símbolo da incredulidade. As pessoas até
dizem: “Eu sou igual a São Tomé, se eu não ver, eu não creio, eu não
acredito!”. Contudo o apóstolo São Tomé que a Igreja nos propõe como
modelo de fé é, acima de tudo, um homem muito sincero e muito convicto
daquilo em que ele crê.
São Tomé é um homem que procura crescer na fé, ele ainda não teve um
encontro, num primeiro instante, com Jesus Ressuscitado. Ele não duvida
de Jesus, mas gostaria de poder experimentar de forma mais autêntica a
presença do Ressuscitado; por isso ele quer tocar no Senhor, tocar no
Seu lado aberto. Quando o Senhor Ressuscitado ali aparece e lhe permite
tocar n’Ele, cai por terra toda a incredulidade, todo o racionalismo e
todo o questionamento que vêm ao coração desse apóstolo.
Então, Jesus proclama uma nova bem-aventurança, um novo sentido de
felicidade tão necessário para o mundo de hoje. Nós vivemos em um mundo
pragmático, no mundo das evidências, no mundo racional, no qual se tudo
não for comprovado por “A mais B”, se não for demonstrado
cientificamente, não vale.
A Igreja reconhece o valor da ciência, sabe do valor que a ciência
tem para melhorar a vida da humanidade, para trazer conquistas para o
bem de todos os homens. Como a Igreja recorre e reconhece o valor dos
aspectos científicos! Apenas ressalta que a ciência não deve se
contrapor à fé e nem a fé se contrapor à ciência. Mas também é verdade
que a fé é um grau mais elevado da condição humana por nos pôr em
contato com o sobrenatural, não de forma humana e racional, mas naquilo
que é o mais íntimo da natureza humana, o espírito humano criado por
Deus, a alma humana, para que se comunique, para que esteja em comunhão
com o Criador.
As realidades divinas não são tocadas de forma humana. Eu nunca vi o
Senhor, e todos nós nunca vimos o Senhor. Humanamente falando,
racionalmente falando, os nossos olhos não veem, mas o olhar da fé
contempla, percebe, é apoderado e tomado por essa presença divina.
Bem-aventurado quem crê sem ter visto, é quem faz da fé não um
baluarte da razão, mas uma condição espiritual. Não uma condição
espiritual lógica, boba e sem sentido, mas faz da fé e da mística uma
razão de viver, um ponto de encontro com a realidade mais sublime da
existência: o ponto de encontro com Deus, o ponto de encontro com a
realidade divina, o ponto de encontro com o céu.
O céu está presente no meio de nós, para vê-lo é preciso ter fé! Os
olhos humanos não chegam até ele, mas os olhos da fé nos aproximam dele e
nos fazem levar as realidades celestes para o mundo em que vivemos.
Deus abençoe você!
Fonte: Canção Nova
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