Pai de criança com câncer gera mobilização por direito de afastamento do trabalho para cuidar da filha

quinta-feira, 17 de julho de 2014


João Eduardo e a pequena Maria Luíza

O casal Leila e João Eduardo Melo, pais da pequena Maria Luíza de apenas quatro anos, vem causando grande mobilização nas redes sociais com a campanha chamada "Vem cuidar de mim". Após descobrirem que a criança é portadora de um tumor maligno de 15 cm na pelve, a família luta pela criação de um dispositivo legal que permita o afastamento do trabalhador de seu emprego para cuidar de filho ou dependente com doença grave. O abaixo-assinado criado por João Eduardo Melo já reúne dezenas de assinaturas na internet e deve ser levado até o Congresso Federal.
      
Menina é portadora de um tumor na pelve
 Segundo João Eduardo, a lei brasileira ainda não prevê o direito de afastamento empregatício de pais ou responsáveis por pacientes de doenças como o câncer. Caminha no Congresso Nacional o projeto de lei 3011/2012 do deputado paraibano Aguinaldo Ribeiro (PP/PB) que acrescenta dispositivo à Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, a fim de permitir o afastamento do empregado em caso de doença grave de filho ou dependente. O projeto ainda não foi votado.

"Você paga seus impostos a vida toda, e você tem um filho com câncer ou outra doença grave, e o INSS ainda não tem uma legislação que permita que você se afaste para cuidar; nossa luta é para que nossos deputados e senadores possam ter a sensibilidade de colocar isso em pauta para votar, por que o projeto já existe" 

Campanha "Vem cuidar de mim"
O material da campanha "Vem cuidar de mim" está sendo distribuído em instituições e órgãos públicos para adesão da população e autoridades, o objetivo da família é ir pessoalmente ao Congresso pedir que a votação do projeto de lei seja colocada em prática. "A dor da minha filha não pode ser em vão, pretendo levantar essa bandeira para que outros pais tenham esse direito, pois no momento que você mais precisa, tanto financeiramente quanto emocionalmente o Governo não dá proteção". 

Maria Luíza segue em quimioterapia e será submetida a nova cirurgia em agosto "São processos longos e dolorosos que necessitam da presença dos pais ao lado", pede João Eduardo. 

Confira a carta aberta publicada por João Eduardo Melo:

"Carta Aberta Após o susto, a emoção, o sofrimento, a dor, o reforço da espiritualidade, a descoberta do amor do próximo, a unidade familiar, e o desespero natural de pais após a descoberta de um tumor maligno de pelve de 15 cm, câncer infantil, na nossa filha amada, indefesa e pequenina Maria Luiza de apenas 4 aninhos, momento este que nos tirou qualquer possibilidade de planejar sequer o dia subsequente, vivemos cada dia, cada momento, um futuro de incertezas, mas com muita fé e força em Cristo Jesus, deparamo-nos com a realidade da falta de proteção social e legal por parte daqueles a quem exaustivamente pagamos impostos sobre os salários, consumo e ainda agora a cada compra de fraldas descartáveis, lenços umedecidos, remédios, suplementos alimentares, leite, ou seja, tudo aquilo necessário a nossa mamá, e o INSS, a quem minha esposa Leila contribui há 18 anos, nos vira as costas para oferecer a proteção financeira necessária aos cuidados e a presença da mãe ao seu lado pelo grau de dependência da criança para desempenhar as atividades de vida diária e aos demais aspectos da vida do cuidador que são afetados pela atividade de cuidar. 

Sequer nos foi permitido agendar horário no INSS para entrar com o requerimento, visto “não haver acobertamento legal para tal fim”. Ou seja, os prejuízos na vida profissional com a eminência da perda do emprego e o fato de não poder mais ajudar na renda familiar, no momento em que os gastos da família aumentam muito, não interessaram ao governo e aos nossos legisladores federais, pelo menos até agora. 

Faço minha esta bandeira de luta e clamo aos nossos Senadores e Deputados Federais para que possam abraçar esta causa permitindo em lei a licença para acompanhamento de saúde da criança com câncer e o auxilio da previdência aos pais, mães e cuidadores destas crianças, possam num futuro próximo ajudar a TANTAS famílias espalhadas por todo o Brasil que sofrem este drama do câncer infantil e precisam dedicar amor, carinho e presença a estes anjinhos que sequer sabem o que estão passando, sofrem em silencio e na inocência dos seus sentimentos muitas vezes fortalecem a nossa luta. 

Lançamos na internet um abaixo-assinado a favor da inclusão na Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, de dispositivo legal para permitir o afastamento do empregado em caso de doença grave de filho ou dependente. Para assinar, clique aqui. Contamos com o seu apoio para fazer chegar ao Congresso Federal esta bandeira de luta, que resgate a responsabilidade social do Governo com a Criança com Câncer e outras doenças graves que merece e tem esse direito. 
Deus abençoe a todos. 
João Eduardo Melo e Leila" 

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