Tenha
numa mão a verdade, a misericórdia e a bondade, mas tenha na outra mão o
senso da justiça. Quem é de Deus não tolera a injustiça.
“Herodes queria matar João, mas tinha medo do povo, que o considerava como profeta”
(Mateus 14, 5).
João Batista é um verdadeiro prodígio no meio do povo, sua presença
causa espanto, embaraço e admiração. João é aquilo que representa a
autenticidade de um profeta: um homem que vive inteira e integralmente
para Deus. Sabemos da vida moderada e ascética que João vive, da vida
disciplinada voltada para preparar a vinda do Messias.
A pregação de João causa incômodo, porque ele anuncia o
Messias, anuncia Jesus, anuncia a esperança, mas também denuncia o
pecado e o erro, e talvez isso seja a parte mais dura na vida
de um profeta, porque um profeta não vive só de anunciar a esperança
– como é importante anunciar o amor de Deus, anunciar a fé, a confiança
no Senhor – mas um profeta precisa denunciar o erro, não pode ter
conivência com aquilo que não é verdadeiro, como a mentira, a
hipocrisia e, sobretudo, a injustiça.
Quem é de Deus não tolera o que é injusto! Nem tolera massacrar o
inocente, violar a verdade, deixar a pessoa oprimida por causa da
injustiça. Nada disso não é de Deus! Quando se fala de injustiça não nos
referimos somente à injustiça social; pois toda forma de injustiça é um
pecado imoral.
Vejam que injusto: Herodes convive com a mulher de seu irmão; essa
mulher não pertence a Herodes; ela pertence ao irmão deste. Nós não
podemos, meus irmãos, tolerar e simplesmente achar que é normal quando
uma pessoa trai a outra, quando a pessoa começa a viver relacionamentos
errados, quando certas modas e certos comportamentos representam, na
verdade, injustiças contra as pessoas.
Nós precisamos deixar que a Palavra de Deus, de forma profética,
suscite em nós a aversão ao erro e ao pecado. Porque, muitas vezes, as
coisas injustas começam a acontecer dentro da nossa própria casa, quando
nós encobrimos ou somos indiferentes ao erro. Não queira ser o
justiceiro, nem queria ser o moralista, mas de forma nenhuma tenha
conivência com aquilo que é errado.
Ao fazermos isso, muitas vezes, vamos perder amigos, algumas pessoas
vão ficar chateadas conosco, algumas talvez vão nos abandonar. Perder um
amigo, perder uma relação – como João Batista que perdeu a cabeça
porque anunciou a verdade, denunciou a mentira e a hipocrisia.
Sei que dói para muito pai, para muita mãe, mas você não pode ser
tolerante ao erro dos seus filhos nem pode trazer o erro deles para
dentro da sua casa, para dentro da sua família. Quando encontramos
alguém que protege o nosso erro e passa a mão na nossa cabeça nossa
tendência é insistirmos em fazer o que é errado e o que não convém!
Seja profeta, tenha numa mão a verdade, a misericórdia e a bondade,
mas tenha na outra mão o senso da justiça, o senso de denunciar o erro, o
pecado e tudo aquilo que não convém à vontade de Deus.
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