Papa
Francisco pediu que o relatório conclusivo fosse publicado com o
resultado dos votos favoráveis e contrários de cada um dos 62 parágrafos
do texto
Da redação, com Rádio Vaticano
Com a autorização do Papa Francisco, foi
publicada na noite deste sábado, 18, a Relatio Synodi, o relatório
conclusivo da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a
Família. O documento foi aprovado na Sala Sinodal após a votação, um por
um, dos 62 parágrafos.
“Foi desejo do Papa. O Papa disse: ‘Quero
que seja publicada esta Relatio, e por questões de transparência e
clareza, que se diga quantos foram os votos favoráveis ou não
favoráveis, número por número, de forma que não existam confusões ou
equívocos sobre isto”, afirmou o diretor da Sala de Imprensa da Santa
Sé, padre Federico Lombardi.
O porta-voz do Vaticano explicou aos
jornalistas que o Santo Padre fez questão que a tabela das votações
também fosse publicada. [Na íntegra, documento em italiano]
O documento retoma, em substância, a
estrutura e os conteúdos principais do ‘Relatório após a discussão’,
apresentado em 13 de outubro na Sala do Sínodo pelo Relator Geral da
Sessão, Cardeal Peter Ërdo. Ela recolhe também muitas das 470 emendas
apresentadas pelos Padres Sinodais, reunidos nos Círculos menores:
Acesse
“Em particular, vocês observarão a
ampliação das primeiras duas partes, o que foi pedido por muitos
relatórios dos Círculos menores, para dar maior equilíbrio ao conjunto,
não falar prevalentemente ou somente dos desafios ou das dificuldades,
mas também falar mais do aspecto positivo sobre a família. Portanto, é
um texto mais amplo e que pretende ser mais equilibrado e desenvolvido”.
O Sínodo assume a necessidade de
“discernir os caminhos para renovar a Igreja e a sociedade no seu
compromisso pela Igreja fundada sobre o matrimônio”, a “união
indissolúvel entre o homem e a mulher”. Os participantes sustentam que
“os grandes valores do matrimônio e da família cristã” são a resposta
aos anseios da existência humana face ao “individualismo” e “hedonismo”.
Parágrafos não aprovados
Os parágrafos que não atingiram a maioria
dos dois terços são os número (acesso dos divorciados recasados à
Comunhão), 53 (comunhão espiritual a divorciados) e 55 (homossexuais)
não chegaram a uma maioria de dois terços dos 183 padres sinodais
presentes; e o parágrafo 41 (matrimônios civis e uniões de fato) recebeu
54 votos contra.
A reflexão sobre casamentos civis,
divorciados e recasados na Igreja deixa uma mensagem de “amor” e diz que
esta participa “de forma incompleta” na vida eclesial. “Trata-se de
acolher e acompanhar estas pessoas com paciência e delicadeza”, pode
ler-se. O documento retoma as observações sobre a necessidade de fazer
“escolhas pastorais corajosas” na ação da Igreja junto das “famílias
feridas”, em particular junto de quem “viveu injustamente” a separação e
o divórcio.
Em relação ao acesso à Comunhão e à
Penitência pelos divorciados em segunda união, alguns “argumentaram em
favor da disciplina atual” [que impede o acesso aos sacramentos] e
outros propõem um “acolhimento não-generalizado”. Este foi o ponto em
que houve mais votos contra (74), no qual se pede que seja aprofundada a
questão, “tendo presente a distinção entre situação objetiva de pecado e
circunstâncias atenuantes”.
Todavia, explica Padre Lombardi, o esforço da Relatio Synodi é o de ser inclusivo e portanto se pode falar de um consenso também sobre estes números:
“Temos em cada um destes números uma
dimensão do consenso, evidentemente, uma dimensão que pode ser muito
ampla ou uma dimensão que pode ser mais limitada, mas isto significa que
existe um assunto que deve ainda ser amadurecido ou aprofundado porque,
evidentemente, o consenso da Assembleia não era suficientemente maduro
para a formulação com que foi apresentado”.
Em relação ao Relatório precedente, a
Relatio Synodi não faz mais referência à lei da gradualidade, não fala
de crianças que vivem com casais do mesmo sexo e reitera com mais força
que as uniões homossexuais não são equiparáveis ao matrimônio entre
homem e mulher, sublinhando que não são aceitáveis pressões sobre os
bispos relativo a este ponto.
Nulidade matrimonial e planejamento natural
O relatório do Sínodo alude ainda às
propostas para tornar “mais acessíveis e ágeis”, de preferência
“gratuitos”, os procedimentos para o reconhecimento de casos de nulidade
matrimonial, realçando que alguns participantes se mostraram
“contrários” a mudanças.
Os vários pontos apelam à valorização dos
métodos naturais de planejamento natural e da adoção, condenando a
mentalidade “antinatalista”; recordam a reflexão sobre a família nos
documentos da Igreja e pedem liberdade de educação para os pais.
O porta-voz do Vaticano, padre
Federico Lombardi, sublinhou que este não é um documento “doutrinal” e
que vai servir de base para a preparação da assembleia geral ordinária
do Sínodo dos Bispos que será realizada em outubro de 2015.
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