Vocação da família de educar os filhos foi foco da catequese; Papa falou sobre caso dos casais separados: “não usem os filhos como reféns”
A vocação das famílias para educar os
filhos foi o tema da catequese do Papa Francisco, nesta quarta-feira,
20. O Santo Padre segue no ciclo de reflexões sobre a família e, desta
vez, deu alguns conselhos para que as famílias saibam educar os filhos
na responsabilidade de si e dos outros.
Francisco destacou que existe uma regra
sábia: o filho é educado para escutar os pais e obedecer a eles; e os
pais não devem realizar essa tarefa de maneira bruta para não
desencorajar os filhos. “A relação entre pais e filhos deve ser de uma
sabedoria, de um equilíbrio grande. Filhos, obedeçam aos pais, isso
agrada a Deus. E vocês pais, não irritem os filhos, pedindo a eles
coisas que não podem fazer”.
Embora isso pareça óbvio, o Papa recordou
que, nos tempos atuais, não faltam dificuldades. Como exemplo, ele
citou o caso dos pais que veem os filhos somente à noite, o que
dificulta a educação. Mais difícil ainda, segundo o Papa, é o caso dos
pais separados, situação em que, muitas vezes, o filho é tomado como
refém.
“O pai fala mal da mãe e a mãe fala mal
do pai, e isso faz tanto mal. Mas eu digo aos pais separados: nunca,
nunca tomem o filho como refém! Vocês se separaram por tantas
dificuldades e motivos, a vida deu essa prova a vocês, mas os filhos não
sejam os que levam o peso dessa separação, não sejam usados como reféns
contra o outro cônjuge. Cresçam ouvindo que a mãe fala bem do pai,
embora não estejam juntos, e que o pai fala bem da mãe”.
Família e sociedade
Segundo o Pontífice, nos últimos tempos,
‘intelectuais e especialistas’ têm criticado a educação familiar de
várias formas, acusando-a de ser autoritária, conformista e repressiva.
“Isso gerou uma fratura entre a família e a sociedade; uma crise que
abrange vários âmbitos, como a escola, por exemplo, onde recaem sobre os
alunos as tensões e a desconfiança entre pais e professores”.
E esses ‘especialistas’ se multiplicam –
advertiu o Papa – ocupando o papel dos pais, inclusive nos aspectos mais
íntimos da educação: personalidade, crescimento, direitos e deveres. Os
pais vão se privando de sua função, chegando a se auto excluir da vida
dos filhos.
Como exemplo, Francisco citou um episódio
da sua infância, já narrado em outra ocasião, quando certa vez ofendeu a
professora. A mãe foi chamada à escola e, com educação, repreendeu o
filho. “Mas em casa vocês podem imaginar o que aconteceu…”, disse. Hoje,
observou, os papéis se inverteram, e são os pais que repreendem os
professores.
Fazendo uma análise dessa situação, o
Papa admitiu que, por um lado, alguns modelos educativos do passado
tinham limites, mas, por outro, a vida se tornou ‘avara’ de tempo e os
pais, ‘sequestrados’ pelo trabalho e outras preocupações, conversam,
refletem e se confrontam menos com os filhos.
Como antídoto, o Papa lembrou que a
Palavra de Deus pode oferecer um apoio à missão educativa das famílias.
Ele acrescentou que, na base de tudo, está o amor de Deus.
Francisco concluiu sua reflexão afirmando
que a boa educação familiar é a coluna vertebral do humanismo. “A sua
‘irradiação’ social é o recurso que compensa lacunas, feridas, vazios de
paternidade e maternidade dos filhos menos afortunados. E esta
‘irradiação’ pode fazer milagres!”.
Fonte: Canção Nova
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