Só Jesus tem poder para curar nossa cegueira. Que Jesus hoje recupere a visão de muitos de nós para que vejamos o que não queremos ou não temos condição de ver.
“Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Marcos 10, 47).
O cego Bartimeu se aproxima de Jesus de
Nazaré e grita de forma desesperada e, ao mesmo tempo, esperançosa ao
afirmar que só Jesus podia fazer algo por ele. Mesmo sendo repreendido,
afastado e as pessoas lhe pedindo que ele se calasse, ele grita em alta
voz não para de dizer: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mateus 10, 47).
A situação de um cego na época de Jesus era
mesmo como a situação de um leproso: eram tidos como malditos e
castigados, por isso viviam afastados da sociedade e eram realmente
marginalizados. Não eram só eles que não enxergavam, sobretudo os cegos,
mas também não eram enxergados pela sociedade, por isso esta não os
incorporava entre os seus membros.
O grito daquele cego é o
grito dos pobres, dos indigentes, de tantas pessoas famintas,
marginalizadas, esquecidas e abandonadas que vivem hoje em nossa
sociedade, nas nossas ruas, no mundo em que nós vivemos e não podem
enxergar a esperança de dias melhores. E, ao mesmo tempo, não
são enxergadas pelos outros, são deixadas de lado nos grandes eventos,
nas realizações e até nas celebrações de nossas comunidades.
Há aqueles que já estão há muito
tempo sem poder enxergar uma vida melhor e condições melhores de vida.
Há idosos abandonados em tantos asilos; há pessoas esquecidas, tidas
como loucas e deixadas em muitos hospitais psiquiátricos por este Brasil
e por este mundo afora. Há tantas pessoas jovens sem perspectiva de
recuperação porque estão cegas diante das drogas, de uma vida sexual
errada, desenfreada. Há tanta gente caminhando cega no meio de nós; e
muitas vezes, nós também estamos cegos diante da vida porque não somos
capazes de enxergar quem está sofrendo.
O grito do cego Bartimeu hoje é o
grito daqueles que vivem na solidão do abandono ou mesmo a solidão de
ter pessoas por perto, mas não se sentem vistas e acolhidas por ninguém.
Bartimeu clama por Jesus para que Ele faça algo em favor dele, para que
o ajude a enxergar um caminho, para que dê luz aos seus olhos, ao seu
coração e à sua visão interior a fim de que possa enxergar e ter outra
perspectiva de vida.
Enquanto os homens não o enxergam, Jesus o vê, o enxerga e lhe pergunta: “O que tu queres de mim?“. E conforme a vontade dele, Jesus lhe recupera a vista.
Que Jesus hoje recupere a visão de
muitos de nós, que nos ajude a ver aquilo que não queremos ver ou que
não temos condição de ver ou de enxergar: a nossa própria miséria, a
nossa própria humanidade. E que tenhamos olhos para ver as necessidades
dos mais pobres e mais sofridos e, assim, apontarmos e abrirmos os olhos
deles para que também vejam perspectivas de dias melhores, de esperança
pela frente e a luz que vem do alto, a luz do coração de Deus.
Que o Senhor, que curou Bartimeu,
cure tantos “Bartimeus” nos dias de hoje, incluindo a mim, a você e a
todos nós que temos alguma cegueira que não nos permite enxergar o que
precisamos, de fato, ver.
0 comentários:
Postar um comentário