Há muitas razões para entender a indissolubilidade do matrimônio
Jesus deixou bem claro que o casamento é uma realidade para toda a
vida. Os fariseus perguntaram a Ele sobre o que Moisés tinha
determinado, isto é, a possibilidade do divórcio: “É permitido a um
homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer?” (Mt 19,3).
O Senhor lhes deu uma resposta enfática: “Não lestes que o
Criador, no princípio, fez o homem e a mulher e disse: Por isso, o homem
deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão
uma só carne? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não
separe o homem o que Deus uniu”. Jesus deixou claro: “Por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres; mas no princípio não foi assim”. E, por isso, Ele disse: “Eu
vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de
matrimônio falso, e desposa uma outra, comete adultério. E aquele que
desposa uma mulher rejeitada, comete também adultério” (Mt 19,3-10).
Jesus enfatizou que “no princípio não era assim”, ou seja, no coração de Deus, quando Ele criou o homem e a mulher, estabeleceu o casamento para sempre.
“Sereis uma só carne” (Gen 2,23). Carne na Bíblia quer dizer natureza humana. Há muitas razões para entender a indissolubilidade do matrimônio. São
Paulo compara o casamento com a união de Cristo com Sua Esposa, a
Igreja. “Maridos, amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja e se
entregou por ela” (Ef 5,25). Ora, então o casamento é sinal da união
eterna de Jesus com a Igreja, e de maneira indissolúvel. Ele não se
separa da Igreja nem a Igreja d’Ele. O Senhor derramou Seu Sangue por
amor à Igreja, e Seus mártires fizeram o mesmo por amor a Ele.
A marca do verdadeiro amor é a indissolubilidade, pois amar é decidir
fazer o outro feliz sempre. Isso não tem limite de tempo. Um amor
provisório não é amor. Amar é comprometer-se com a felicidade do outro
para sempre: na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-o e
respeitando-o todos os dias da sua vida.
O casamento é a base da família, e esta é a base da sociedade.
Se o casamento se dissolver, a família se dissolverá e a sociedade
perecerá. O Papa João Paulo II usou palavras muito fortes para explicar
isso. Ele disse que “a família é insubstituível”, que ela é “o santuário
da vida”, um “patrimônio da humanidade”. Ela é a “Igreja doméstica”. Da
importância da família se entende a importância da indissolubilidade
matrimonial.
O casamento faz surgir uma prole: filhos, netos, bisnetos… É desta
união permanente que surge a beleza de uma família, berço da vida. É
triste quando se quebra o vínculo da unidade pela separação do casal.
Por isso, é necessário que os casamentos sejam bem preparados, de modo
que não haja casamentos que mais tarde um Tribunal da Igreja possa
declarar que foi nulo. E, infelizmente, isso tem acontecido muito,
porque falta uma boa preparação para os casamentos. Muitos se casam sem
maturidade, sem saber profundamente o que significa “amar”, dar a vida
pelo outro e pela família.
Há casamentos que duram 50, 60, 65 anos… Uma vez li essa história:
“Um famoso professor se encontrou com um grupo de jovens que falava
contra o casamento. Argumentavam que o que mantém um casal é o
romantismo e que é preferível acabar com a relação quando esse se apaga,
em vez de se submeter à triste monotonia do matrimônio.
O mestre disse que respeitava a opinião deles, mas lhes contou a
seguinte história: “Meus pais viveram 55 anos casados. Numa manhã, minha
mãe descia as escadas para preparar o café e sofreu um enfarto. Meu pai
correu até ela, levantou-a como pôde e quase se arrastando a levou até à
caminhonete. Dirigiu a toda velocidade até o hospital, mas quando
chegou, infelizmente ela já estava morta. Durante o velório, meu pai não
falou. Ficava o tempo todo olhando para o nada. Quase não chorou. Eu e
meus irmãos tentamos, em vão, quebrar a nostalgia recordando momentos
engraçados.
Na hora do sepultamento, papai, já mais calmo, passou a mão sobre o
caixão e falou com sentida emoção: “Meus filhos, foram 55 bons anos. Ninguém pode falar do amor verdadeiro se não tem ideia do que é compartilhar a vida com alguém por tanto tempo“.
Ele fez uma pausa, enxugou as lágrimas e continuou: “Ela e eu estivemos
juntos em muitas crises. Mudei de emprego, renovamos toda a mobília
quando vendemos a casa e mudamos de cidade. Compartilhamos a alegria de
ver nossos filhos concluírem a faculdade, choramos um ao lado do outro
quando entes queridos partiam. Oramos juntos na sala de espera de alguns
hospitais, nos apoiamos na hora da dor, trocamos abraços em cada Natal e
perdoamos nossos erros. Filhos, agora ela se foi, eu estou contente. E
vocês sabem por quê? Porque ela se foi antes de mim e não teve de viver a
agonia e a dor de me enterrar, de ficar só depois da minha partida. Sou
eu que vou passar por essa situação, e agradeço a Deus por isso. Eu a
amo tanto que não gostaria que sofresse assim”.
Quando meu pai terminou de falar, meus irmãos e eu estávamos com os
rostos cobertos de lágrimas. Nós o abraçamos e ele nos consolou dizendo:
“Está tudo bem, meus filhos, podemos ir para casa”.
Esse foi um bom dia. E, por fim, o professor concluiu: “Naquele dia,
entendi o que é o verdadeiro amor. Ele está muito além do romantismo, e
não tem muito a ver com o erotismo, mas se vincula ao trabalho e ao
cuidado a que se professam duas pessoas realmente comprometidas”.
Quando o mestre terminou de falar, os jovens universitários não
puderam argumentar, pois esse tipo de amor era algo que não conheciam. O verdadeiro amor se revela nos pequenos gestos, no dia a dia e por todos os dias. O verdadeiro amor não é egoísta, não é presunçoso nem alimenta o desejo de posse sobre a pessoa amada.
“Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai
acompanhado com certeza chegará mais longe.” “A paciência pode ser
amarga, mas seus frutos são doces.”
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Fonte: Canção Nova
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