Saberemos cuidar, amar, julgar menos,
condenar de forma nenhuma, mas sermos o elo da misericórdia de Deus para
com o nosso próximo!
“Como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu não vês a trave no teu próprio olho?” (Lucas 6, 42).
A Palavra de Deus, que vem hoje ao nosso
encontro, é um convite para revisarmos a nossa própria vida, a olharmos
para dentro de nós e não cairmos na terrível tentação de viver
reparando a vida dos outros sem, contudo, nos determos e repararmos a
nossa própria vida.
É preciso chamar atenção que
“reparação”, aqui, não significa viver criticando, observando isso ou
aquilo. “Reparar” quer dizer corrigir, olhar para si, tomar o caminho e a
direção certa para a vida.
Sabe, meus irmãos, temos que, de todas
as formas, evitar com toda a força do nosso coração aquelas chamadas
‘reuniões comunitárias’, aqueles encontros que fazem para falar, julgar e
comentar a vida dos outros.
Quando olhamos para dentro de nós mesmos
percebemos que existem muitas coisas dentro de nós que precisam de
conserto, de reparação, de endireitamento.
Quem, de verdade, trabalha para cuidar
de si, para reparar sua própria vida não tem tempo para reparar e falar
da vida dos outros. Quem gasta seu tempo, sua vida para olhar como está o
outro [no sentido negativo da palavra] é porque não tem tempo ou
seriedade para olhar e reparar sua própria vida e o seu próprio coração.
Por isso, temos que ter muito cuidado
com a chamada ‘cegueira espiritual’, porque ela não atinge só o
espírito, acaba, na verdade, sendo uma cegueira moral.
Estamos cheios de coisas dentro de nós
que precisam de renovação, de purificação, mas gastamos nossas energias,
nossas capacidades, inclusive o nosso próprio tempo, reparando,
comentando, nos desgastando com a vida do nosso próximo.
Se alguém pode ajudar alguém, este
precisa, primeiro, aprender a enxergar. E saber enxergar quer dizer:
saber enxergar a si mesmo, conhecer a si mesmo, reparar em si mesmo, dar
conta de si mesmo.
O olho interior não é voltado para as
coisas externas; é voltado para dentro de si, é a capacidade de fazer
auto-análise, exame de consciência, de admitir que temos essas
dificuldades, esses limites e precisamos nos cuidar melhor.
Quando aprendemos a nos cuidar, a nos
reendireitar na vida, sabemos ter mais misericórdia, sabemos olhar com
outros olhos os limites e dificuldades do outro. Por isso, estamos,
muitas vezes, como diz o Evangelho, vendo “cisco” no olho do outro e não
somos capazes de enxergar uma trave enorme à nossa frente. É mais do
que isso, a trave não está só à nossa frente, está dentro de nós porque
tornamo-nos incapazes de nos conhecer.
Que a graça de Deus nos ajude, acima de
tudo, a sermos capazes de, a cada dia, nos conhecermos melhor, a
repararmos mais as nossas faltas e sermos capazes de dar o melhor de nós
e sermos melhores a cada dia. Assim saberemos cuidar, amar, julgar
menos, condenar de forma nenhuma, mas sermos o elo da misericórdia de
Deus para com o nosso próximo!
Deus abençoe você!
Fonte: Canção Nova
0 comentários:
Postar um comentário