Na catequese, o Papa
Francisco disse que as cidades estão desertificadas pela falta de amor
e que o sorriso de uma família é capaz de vencer esta desertificação
Da redação, com Rádio Vaticano
Na Audiência Geral desta quarta-feira, 2,
o Papa Francisco apresentou uma de suas últimas reflexões no contexto
das catequeses sobre a evangelização na família, com ênfase em um
aspecto particular.
“Voltemos nosso olhar sobre o modo com o
qual a família vive a responsabilidade de comunicar a fé, de transmitir a
fé, seja ao interno dela ou ao externo”, destacou. O Papa recorda que,
quando Jesus afirma o primado da fé em Deus, não encontra uma comparação
mais significativa para expressar essa vivência do que a afetividade em
família.
“Estes laços familiares, dentro da
experiência de fé e do amor de Deus, são transformados, são
‘preenchidos’ de um sentido maior e são capazes de ir além deles mesmos
para criar uma paternidade e uma maternidade mais amplos, e para acolher
como irmãos e irmãs também aqueles que estão à margem de qualquer
vínculo”, refletiu.
A gramática da família
Neste contexto, o Papa lembrou do trecho
do evangelho de Marcos no qual Jesus responde, apontando para seus
discípulos, que ali está sua mãe e seus irmãos e não do lado de fora.
“A sabedoria dos laços que não se compram
e não se vendem é o dom principal da família. Em família, aprendemos a
crescer naquela atmosfera dos laços. A gramática se aprende no seio da
família, caso contrário é bem difícil aprendê-la. É justamente esta a
linguagem por meio da qual Deus se faz compreender por todos”,
sublinhou.
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Ao afirmar que a difusão de um estilo
familiar nas relações humanas é uma benção para os povos por trazer
outra vez a esperança para a Terra, o Papa reforçou um convite especial.
“O chamado a colocar os laços familiares
no âmbito da obediência da fé a da aliança com o Senhor não os
mortifica; ao contrário, os protege, os desvincula do egoísmo, os cuida
do degrado, os coloca a salvo para a vida que não morre”.
O Santo Padre acrescentou dizendo que
quando os laços familiares se deixam converter ao testemunho do
Evangelho, se tornam capazes de coisas impensáveis, que fazem tocar com
as mãos as obras que Deus realiza na história, como aquelas que Jesus
fez para os homens, as mulheres que as crianças que encontrou.
O agir de Deus
Ao recordar o mistério da ação de Deus
neste mundo, Francisco elevou dois aspectos importantes nos quais os
homens se relevam instrumentos de amor.
“Um só sorriso milagrosamente saído do
desespero de uma criança abandonada, que recomeça a viver, nos explica o
agir de Deus no mundo mais do que mil tratados teológicos. Um só homem e
uma só mulher, capazes de arriscar e de se sacrificar pelo filho do
outro, e não somente pelo próprio, nos explicam coisas do amor que
muitos cientistas não compreendem mais”, disse o Papa.
Protagonismo da família
O Papa “animou” para que a família seja
restituída, a partir da Igreja, o protagonismo de poder responder ao
chamado de Jesus e ser maestra do mundo com base na aliança do homem e
da mulher com Deus.
“Pensemos ao desenrolar deste testemunho,
hoje. Imaginemos que o leme da história (da sociedade, economia,
política) seja entregue, finalmente, à aliança do homem e da mulher,
para que o governem com o olhar voltado às gerações futuras. Os temas da
terra e da casa, da economia e do trabalho, tocariam uma música muito
diferente”, idealizou o Pontífice.
Desertificação da sociedade
Desertificação da sociedade
Francisco concluiu sua catequese com uma
apelo à vida em comunidade ao afirmar que a aliança da família com Deus é
chamada hoje a contrastar a desertificação comunitária da cidade
moderna.
“As nossas cidades estão desertificadas
pela falta de amor, pela falta de sorriso. Tanta diversão, tantas coisas
para perder tempo e rir, mas o amor falta. O sorriso de uma família é
capaz de vencer esta desertificação. Esta é a vitória do amor, da
família”, disse.
Ao retomar a catequese, o Papa disse:
“Nenhuma engenharia econômica e política é capaz de substituir esta
contribuição das famílias (…) Devemos sair das torres e dos quartos
blindados das elites para voltar a frequentar as casas e os espaços
abertos das multidões”.
E finalizou: “Rezem por mim, rezemos uns
pelos outros, para que sejamos capazes de reconhecer e apoiar as visitas
de Deus. O Espírito trará uma bagunça saudável às famílias cristãs, e a
cidade do homem sairá de sua depressão”.
Apelo pela paz
Ao final da Audiência geral, o Papa fez
um apelo pela paz ao recordar que, nestes dias, também o Extremo Oriente
recorda o fim da Segunda Guerra Mundial. Ao renovar suas fervorosas
orações ao Senhor para que, por intercessão de Nossa Senhora, o mundo de
hoje não precise mais experimentar os horrores e os assustadores
sofrimentos de tais tragédias, o Papa reiterou o pedido de seus
predecessores: “Guerra nunca mais”.
Fonte: Canção Nova
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