Os padrinhos têm grave dever de educar seus afilhados segundo a verdade de Cristo
O papel dos padrinhos na formação dos cristãos é mais antigo do que se
imagina. A tradição remonta ao século quarto, quando a Igreja tinha de
enfrentar as perseguições romanas e as heresias pagãs. A eles cabia o
dever de instruir os catecúmenos na fé católica, preservando-os dos
erros que pululavam na comunidade. E no caso das crianças, além de
professarem a fé em nome delas, recebiam a responsabilidade de educá-las
conforme a doutrina perene dos santos apóstolos.
O decreto Ad Gentes, do Concílio Vaticano II, procurou
enfatizar esse significado do apadrinhamento, recordando que a iniciação
cristã no catecumenato não é obra apenas dos sacerdotes ou dos
catequistas; é "de toda a comunidade dos fiéis, especialmente dos
padrinhos, de forma que desde o começo os catecúmenos sintam que
pertencem ao Povo de Deus"01. Assim se expressava também o Pastor Angelicus na Encíclica Mystici Corporis.
Segundo Pio XII, os padrinhos e madrinhas "ocupam um posto honorífico,
embora muitas vezes humilde, na sociedade cristã, e podem muito bem sob a
inspiração e com o favor de Deus subir aos vértices da santidade"02.
As palavras do venerável Papa são um verdadeiro alento, além de um
sutil, porém necessário, puxão de orelha. Os padrinhos são chamados à
santidade de vida. Não é da alçada deles a compra de presentes, mas a
instrução na fé católica, porquanto "uma criança não é capaz de um ato
livre de fé: ainda não a pode confessar sozinha e, por isso mesmo, é
confessada pelos seus pais e pelos padrinhos em nome dela."03
Numa época dominada pelas falsas filosofias de vida e pelos erros
ideológicos, exaustivamente pregados nas escolas e na imprensa, reavivar
o sentido do apadrinhamento na fé católica parece tarefa
imprescindível.
O Código do Direito Canônico dispõe algumas normas para que se escolha o
padrinho do batizando. Em primeiro lugar, obviamente, exige-se que
"seja católico, confirmado e já tenha recebido a Santíssima Eucaristia, e
leve uma vida consentânea com a fé e o múnus que vai desempenhar".04
Depois, que "não esteja abrangido por nenhuma pena canônica
legitimamente aplicada ou declarada". Ora, ao contrário do que possa
parecer, não são regras absurdas. Como dito anteriormente, aos padrinhos
cabe a missão de "assistir na iniciação cristã" e "esforçar-se por que o
batizado viva uma vida cristã consentânea com o batismo e cumpra
fielmente as obrigações que lhe são inerentes".
Os padrinhos são muito mais que uma posição social; são pais segundo
Deus, pois no batismo morre o "homem velho" e nasce o "homem novo". E
como verdadeiros pais, têm o grave dever de transformar seus filhos em
soldados de Cristo, educando-os na escola de santidade dos grandes
santos da Igreja.
Fonte: PadrePauloRicardo.org
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