Apesar
do céu carregado de chuva e os trovões que os cobriam, mais de 200.000
peregrinos encaminharam-se e estabeleceram-se determinados no campo
santificado pelo Papa São João Paulo II e abençoada pelo Papa Bento XVI,
o Parque Błonia. A alegria generalizada de ali estar naquele momento
tornava-os imunes a tudo, a santidade do lugar protegia-os. Porque às
17:30 chegaria por fim a hora que haviam esperado desde 2013: a Cruz da
JMJ, entregue por jovens brasileiros no Rio de Janeiro, levada por
jovens polacos por toda a Polónia, e sempre seguida pela imagem da
Virgem Maria, chegou por fim ao altar da Santa Missa de Abertura da
Jornada Mundial da Juventude 2016.
A
cerimónia de duas horas foi presidida pelo Cardeal Stanisław Dziwisz,
Arcebispo de Cracóvia, que começou por saudar os seus queridos amigos,
cari amici, dear friends, chers amis, liebe Freunde, mas que a partir de
então se dirigiu a todos “no idioma do Evangelho. É uma língua de amor.
É uma língua de fraternidade, solidariedade e paz”. Praticou-se este
espírito de união quando, para surpresa dos fiéis, depois de se ler
também se cantou o Evangelho, um dos vários ritos da Igreja Oriental
integradas na cerimónia, e que se repetirá nas próximas duas grandes
missas da Jornada. É um abraço da Polónia aos seus peregrinos vizinhos
Ucranianos e Russos, vindos de onde se pratica o rito Bizantino e não o
Romano; e é uma descoberta para os restantes sobre quão rica e
diversificada é a igreja una de que são parte.
A
todos, o Cardeal falou primeiro sobre o caminho que os juntou ali.
“Viemos “de todas as nações que há debaixo do céu” ( Act 2,5), como os
peregrinos reunidos em Jerusalém no dia de Pentecostes, mas nós somos
mais numerosos do que aqueles de dois mil anos atrás. Porque nós
trazemos a riqueza dos séculos de evangelização, que se espalhou pelo
mundo inteiro”. Agora, em Cracóvia, Jesus vai “fazer perguntas sobre o
nosso amor, como no passado Ele perguntou a Simão Pedro. Não evitem a
resposta”, desafiou. Porque tal como o Apóstolo, também peregrinos das
Jornadas devem fazer com que “o fogo do amor se possa espalhar pelo
mundo inteiro e tire o egoísmo, a violência e a injustiça, que na nossa
terra se possa espalhar a cultura do bem, do amor, e da paz”.
Para
guiar os jovens na sua missão, foram inevitavelmente invocados São João
Paulo II e Santa Faustina – “Apóstola da Misericórdia Divina”, cuja
mensagem reforça o lema desta Jornada. Mas também foi recordado o
italiano Pier Frassati, um jovem beatificado que encheu a curta vida de
caridade corajosa e atividade social resoluta e consequente pelos mais
pobres.
Os
fiéis presentes assimilaram tudo o que lhes foi dado, uns compenetrados
em oração profunda – de olhos virados para o céu, ou de olhos fechados,
de mãos juntas ou sobre o peito – outros efusivamente expansivos no seu
júbilo– rindo, gritando, erguendo bandeiras, e dizendo, pelas câmaras, a
quem está longe, que eles estão aqui. Uns escutando, a maioria
cantando, músicas célebres como “Jesus Christ you are my life”, após a
comunhão, e no fim “Abba Ojcze”, tema da anterior JMJ na Polónia em
1991. Comum a cada jovem, uma só força incontrolável que o transborda
mas de que é parte, tal como a multidão a que ele pertence disposta em
redor do altar em Błonia É a vivência da fé de todos, que é uma só, que
se ouviu em uníssono quando o Cardeal decretou “A Jornada Mundial da
Juventude, Cracóvia 2016, está aberta!”. O grito ensurdecedor
repetir-se-á até Domingo, e ecoará de então em diante.
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