Dom Genival Saraiva de França, Eleitor e candidato
Eleitor e candidato
De conformidade com o
calendário eleitoral, em outubro próximo realizam-se eleições em todos
os municípios brasileiros. A eleição de 2016 tem sua singularidade pelo
fato de estar sendo realizada no curso da operação Lava Jato, com o
atento olhar do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e do
Tribunal Superior Eleitoral, sob o disciplinamento da Lei 13.165, de 29
de setembro de 2015, que proíbe a doação financeira de “empresas ou
organizações sem fins lucrativos” a candidatos a cargos eletivos.
Numa eleição municipal, candidato e
eleitor estão muito próximos pelo fato de habitarem no mesmo território,
de se conhecerem melhor e por terem expectativas e interesses mais
convergentes. Num pequeno município, praticamente, todos os candidatos
são conhecidos; naquele de médio e grande porte, de qualquer forma, isso
também acontece, ao menos em relação a candidatos e suas respectivas
áreas de atuação. Portanto, uma eleição municipal distingue-se pelo fato
de haver uma relação mais direta entre o candidato e o eleitor.
Como fez em anos anteriores, a CNBB
divulgou a Cartilha Eleitoral – “Eleições Municipais 2016: Resgatar a
Dignidade da Política”. Ao invés de apontar nomes ao eleitor, a CNBB
apresenta-lhe critérios norteadores de sua escolha que deve sempre
refletir sua consciência cidadã. “É salutar que o eleitor procure
informações a respeito dos candidatos em diversas fontes, ou seja, mude
de canal, troque de jornal e de revista, converse com pessoas diferentes
e escute o que todos os lados da política têm a dizer. Quando se trata
de grandes cidades, uma dica é buscar informação na imprensa
internacional, pois estes meios de comunicação, em geral, possuem menos
interesse em manipular a notícia brasileira para o exterior. (…)
Em meio a tantos candidatos, precisamos
saber escolher. Aqui estão alguns indicadores importantes para termos em
mente na hora de votar. Todo cuidado é pouco: não merecem o voto os
candidatos despreparados, ou então que se escondem por trás de
interesses particulares ou de grupos, que não apresentam metas claras de
governo e políticas públicas consistentes. Igualmente os candidatos
oportunistas, que só aparecem em época de campanha. (…) As novas leis
facilitam a informação, mas é preciso o eleitor fazer o que lhe compete:
conferir, informar-se, visitar os portais que trazem informação segura.
Quem é candidato a um cargo político não caiu do céu: tem pai, mãe,
família, formação, vida profissional, etc. Uma carreira coerente começa,
em geral, com serviços bem prestados em etapas anteriores. Maus
políticos mudam de opinião conforme a conveniência, negociam apoio em
troca de cargos, não apresentam suas ideias, mas atacam as dos outros.
(…) O candidato deve estar comprometido com políticas públicas que
defendam e promovam a dignidade da vida em todas as suas etapas: a
inclusão dos pobres, dos deficientes, idosos, jovens, enfim, que
promovam o bem-estar para todos. O voto é a nossa melhor arma para
alcançarmos isso”.
Tenha presente o eleitor que sua
participação democrática na vida de seu município revela-se mediante uma
criteriosa escolha de candidato comprometido com o bem comum.
Dom Genival Saraiva
Administrador Apostólico da Arquidiocese da Paraíba
Fonte:cnbbne2.org.br