Saiba como lidar com o desafio de ser ouvido, mas não compreendido
Relacionamento, ao mesmo tempo em que é sentido de vida,
preenchimento interior, é ponto de conflitos entre os seres humanos.
Somos predispostos a viver próximos, mas quem nunca se desapontou na
vida? É natural esse tipo de sentimento quando temos boa imagem de uma
pessoa, seja à primeira vista ou pela impressão causada no convívio, mas
que, de repente, se desfaz quando somos surpreendidos por uma atitude
contrária à que causava nossa admiração.
Faz parte de um relacionamento maduro, fundamentado na verdade,
quando houver essa ruptura no sentimento, o recorrer ao diálogo. Quanto
maior a proximidade das pessoas, mais deveriam ser óbvias a
transparência e a liberdade em dizerem o que não foi bom. Assim
avançamos em diversos tipos de convívio: no trabalho, na amizade, no
namoro, no casamento.
O problema é quando, mesmo com diálogo, ainda não se chega a um termo satisfatório para ambos os lados.
Você já teve a sensação de ser ouvido, mas não ser entendido? Por
mais que fale, argumente e esteja certo, nada parece penetrar o
entendimento, a razão e o perdão do outro.
Quando as partes dialogam, mas num primeiro instante não existe
consenso, é imprescindível saber que ao se procurar entender com alguém é
mais importante ouvir do que falar. Exercite a arte da escuta. Mesmo
que seja você quem tenha de dar explicações, deixe que a outra parte
primeiro esgote sua indignação.
Tanto para passar a sua ideia quanto para absorver o conteúdo do
outro é importantíssimo notar o que as palavras não dizem. No desabafo
de uma pessoa existe muito mais que argumentos, aí também estão seus
sentimentos, os quais nem sempre são completamente expressos por
palavras. É preciso buscar fora daquilo que simplesmente ela aparenta
ser, quais os seus anseios, planos, cultura e até sua concepção e
história de vida. Experiências do passado condicionam-nos a agir e a
pensar segundo o que aprendemos, cada qual com seu conceito.
É preciso detectar os sentimentos presentes em você e no outro e
nomeá-los, para saber o que está acontecendo no interior de quem está
envolvido. Por vezes, será necessário simplesmente chegar a esta
conclusão: suas emoções são diferentes das minhas diante do fato
acontecido. E a partir daí, buscar um meio-termo. Por fim, é normal que
seres humanos não estejam de acordo em tudo.
A perfeição do amor não está em juntar o que é igual, mas em
transcender a expectativa mesmo sabendo que se é diferente. O que é
verdadeiro supera as barreiras da incompreensão, traz a certeza de ser
assumido, mesmo sabendo que na alma da outra pessoa existe a consciência
de que aquele com quem se caminha junto não é perfeito. Somos mais
amados quando somos acolhidos, apesar de nossas deficiências, não pelas
nossas belezas. Amar quem não está pronto é amar verdadeiramente, pois
não busca compensações em dar de si.
Abra o coração para aqueles que você ama, vá disposto, no diálogo, a
ouvir e a se desfazer dos próprios conceitos em favor da reconciliação.
E então? Está pronto a abrir os ouvidos?
Deus o abençoe.
Fonte: Canção Nova
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