Vontade fraca é aquela que não sabe ser constante no que escolhe
Muitas vezes, é difícil compreender o coração e o que, de fato, ele
deseja. O coração, como dizia o filósofo Blaise Pascal: “Tem razões que a
própria razão desconhece”; é uma conexão entre silêncios e mistérios.
Por “coração” compreendamos o centro de nossa vontade, de nossas emoções
e percepções. Esse é, verdadeiramente, um território onde existem
muitas riquezas a serem descobertas e muitas incertezas a serem
desveladas.
Foto: praetorianphoto by Getty Images
Por vezes, quando olhamos para nossa vida e história, torna-se
difícil entender o “porquê” de muitas de nossas atitudes e escolhas. A
vontade humana é um campo minado, no qual a inconstância e a fraqueza
fazem questão de constantemente se hospedar, deixando rastros de
confusão.
O que, hoje, se deseja ardentemente, pode-se não apreciar mais no
amanhã. A vontade é, muitas vezes, sede de contradição. Contudo, ela
precisa ser trabalhada e modelada à luz da graça, para que venha a se
transformar em uma vontade constante no bem e inteira no que decide.
O coração que se torna cenário de inconstâncias corre o sério risco de se tornar um lugar no qual a felicidade não consegue morar, pois ele nunca conseguirá saciar sua natural sede de alegrias não transitórias.
Existem contradições próprias de nosso caminho de crescimento rumo à
maturidade, outras, porém, são o resultado de uma vontade fraca e
confusa, que se acostumou a não decidir com firmeza pelo melhor. Essa,
porventura, acarretará sobre si o peso das contradições por ela
fabricadas.
Educar e direcionar a vontade
A vontade precisa ser educada e direcionada para a constância no bem. Isso se chama virtude –
realidade que precisa ser cultivada e conquistada –, e não acontece
apenas como um dom natural. Para adquiri-la, é necessário nosso empenho e
esforço.
Vontade fraca é aquela que não sabe ser constante no que escolhe, e
mais, é aquela que não sabe decidir, mas apenas concordar. Quem concorda
com tudo o que lhe é imposto pela cultura, pela mídia, pelos vícios,
sem se posicionar diante de nada, perde a força para decidir e acaba por
não ser livre. Por outro lado, adquire virtude aquele que tem
disposição para perseverar nas boas escolhas, persistindo sempre no bem,
mesmo quando suas fraquezas e más inclinações exigirem o contrário.
Em um mundo marcado pelo transitório e pelo descartável, somos
convidados a nos decidirmos pelo bem, com constância, nas grandes e
pequenas ocasiões apresentadas pela vida. Dessa forma, vamos eliminando
as contradições, que não são inerentes ao nosso crescimento como pessoa.
O homem “é o que escolhe”. Por isso, faz-se necessário mergulhar no mistério de nossas contradições, acolhendo com humildade o silêncio
do que ainda não somos capazes de compreender, direcionando com nossa
liberdade nossas escolhas, rumo à construção de um bem permanente e
amadurecido no cotidiano.
Fonte: Canção Nova
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