Santo Padre saudou os povos mapuche e outros povos indígenas locais, dando ênfase na homilia a uma diversidade reconciliada
Da Redação
A homilia do Papa Francisco em Temuco, no Chile, nesta quarta-feira,
17, foi focada no dom da unidade. Falando em uma região onde
encontram-se os povos indígenas mapuche que reivindicam seus direitos
bem como o reconhecimento de sua cultura, o Santo Padre frisou que não
se pode cansar de procurar o diálogo para a unidade.
A Missa foi celebrada no aeródromo de Maquehue, local onde, segundo o
Papa, verificaram-se graves violações de direitos humanos. “Oferecemos
esta celebração por todas as pessoas que sofreram e foram mortas e pelas
que diariamente carregam aos ombros o peso de tantas injustiças. O
sacrifício de Jesus na cruz está repleto de todo o pecado e do
sofrimento dos nossos povos, um sofrimento a ser resgatado”.
Partindo do Evangelho em que Jesus pede ao Pai que “todos sejam um
só”, Francisco concentrou a homilia no dom da unidade. “Não permitais
que nos vença o conflito nem a divisão”, frisou o Papa, que alertou
sobre as tentações que podem aparecer e “contaminar” esse dom.
A primeira tentação citada por Francisco foi confundir unidade com
uniformidade. O Santo Padre explicou que Jesus não pede ao Pai que todos
sejam iguais, uma vez que a unidade não nasce da neutralização das
diferenças. “A unidade é uma diversidade reconciliada, porque não tolera
que, em seu nome, se legitimem as injustiças pessoais ou comunitárias”.
Depois, o Santo Padre falou de duas formas de violência que, em vez
de fomentar os processos de unidade e reconciliação, acabam sendo uma
ameaça a eles. “Em primeiro lugar, devemos estar atentos à elaboração de
acordos ‘lindos’, que nunca se concretizam. Palavras bonitas, planos
terminados sim – e necessários – mas que, por não se tornar concretos,
acabam por ‘borratar com o cotovelo o que se escreveu com a mão’. Isto
também é violência, porque frustra a esperança”.
Outro ponto mencionado pelo Papa foi sobre a violência e destruição,
que acabam por tirar vidas humanas. Isso não pode ser a base de uma
cultura do reconhecimento mútuo, ponderou. “Não se pode pedir
reconhecimento, aniquilando o outro, porque a única coisa que isso gera é
maior violência e divisão. A violência clama violência, a destruição
aumenta a fratura e a separação. A violência acaba por tornar falsa a
causa mais justa. Por isso, digamos ‘não à violência que destrói’, em
qualquer uma dessas duas formas”.
Francisco concluiu a homilia convidando os fiéis a repetir o pedido
de Jesus ao Pai. “Que também nós sejamos um só; fazei-nos artesãos de
unidade”.
Após a Missa, o Papa segue para a Casa “Madre de la Santa Cruz”, onde
terá um almoço com alguns habitantes da Araucania. Ainda hoje, ele
retorna a Santiago para o encontro com os jovens e, à noite, a visita à
Pontifícia Universidade Católica do Chile.
Fonte: Canção Nova
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