O arcebispo da Paraíba, Dom Manoel Delson, pregou a tolerância às
diferenças e cobrou compromisso, inclusive dos gestores públicos, com o
combate à violência. A mensagem fez parte do sermão durante a celebração
da missa de quarta-feira de cinzas, na Catedral de Nossa Senhora das
Neves, que também marcou o início da quaresma e o lançamento da Campanha
da Fraternidade, em João Pessoa. Centenas de fiéis acompanharam a
celebração.
Este ano, o tema da Campanha da Fraternidade é “Fraternidade e
Superação da Violência”. O lema da campanha é “Vós sois todos irmãos”,
baseado em um texto do evangelho de São Mateus. “Precisamos rever nossa
cultura da resposta violenta, da intolerância, substituindo por uma
cultura do amor, da paz, do respeito às diferenças, seja de religião, de
sexo, de cor. Precisamos respeitar a todos, porque todos somos irmãos
em Cristo”, disse Dom Delson.
O arcebispo fez questão de ser enfático na fala sobre o respeito às
diferenças: “Não podemos agir com violência se uma pessoa tem uma opção
sexual diferente da nossa. Porém, temos que acabar também com a
intolerância de minorias, que tentar impor suas formas de pensar para a
maioria. O diálogo respeitoso precisa definir o respeito entre os
semelhantes”, acrescentou.
Sobre o combate à violência, Dom Delson disse que todos somos
responsáveis. “Cada um tem que fazer o seu papel, desarmando os
espíritos, preferindo as respostas de amor às respostas de ódio. E a
convocação para que cada um faça a sua parte envolve também os gestores
públicos, responsáveis pela promoção de políticas de combate e prevenção
à violência. Todos precisam ser responsáveis, inclusive os gestores
públicos”, cobrou.
A missa desta quarta-feira (14) deu início à Quaresma, um dos eventos
mais importantes do ano para o povo católico. São quarenta dias de
penitência e orações mais intensas. “É um período dedicado à reflexão,
orações, estudos e jejuns, com vistas à preparação para o domingo de
Páscoa”, explicou o arcebispo.
Campina Grande
A Campanha da Fraternidade também foi lançada nesta quarta em Campina
Grande, em uma missa realizada na Catedral de Nossa Senhora da
Conceição, presidida pelo bispo Dom Dulcênio Fontes. O líder da igreja
local falou sobre o que acredita ser efetivo no combate à violência. “As
ações pontuais não resolverão o problema, apenas tapearão o mal
entranhado da violência, por isso não apostamos nas atitudes violentas
da repressão, porque cremos que o diálogo muito poderá fazer para
resolver”, disse.
Já o padre Saulo Rodrigues criticou um dos lemas mais falados no
país. “Fomos acostumados com a ideia de que vivemos em um país abençoado
por Deus e bonito por natureza, o que não é verdade. Para se ter uma
ideia, os traficantes educam as crianças para a violência. Os
traficantes compram armas de brinquedo para incentivar esta cultura da
violência. As mídias promovem este comportamento e tornam aquilo comum”,
disse.
*Com texto de Ainoã Geminiano e Wênia Bandeira, do Jornal Correio da Paraíba
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