A vida de Jesus é uma perfeita lição de humildade
Israel, na sua história feita de longos exílios, frequentemente fazia
a experiência de total impotência diante de acontecimentos que nenhuma
força humana poderia ter mudado. E, assim adquiria a humildade, ou seja,
uma atitude de total dependência e plena confiança em Deus.
E justamente na sua condição de povo humilde e pobre, muitas vezes,
Israel encontrava refúgio e acolhida somente n’Aquele que havia feito
uma eterna aliança com o seu povo.
Além disso, na perspectiva messiânica, o esperado é um rei humilde
que entra em Sião cavalgando um jumentinho, porque o Deus de Israel é,
sobretudo, o “Deus dos humildes”. Uma vez que, todas as expectativas se
cumpriram em Jesus, é da sua vida
e dos seus ensinamentos que poderemos colher a verdadeira humildade,
aquela que torna a nossa oração agradável ao Senhor. “A prece dos
humildes atravessa as nuvens” (Eclo 35,17).
A vida de Jesus é uma perfeita lição de humildade. Ele, embora sendo
Deus, primeiro se fez homem no seio da Virgem Maria, depois se fez pão
na Eucaristia e, enfim, se fez “nada” sobre a Cruz.
Ele dissera: “Sede meus discípulos, porque sou manso e humilde de
coração” (Mt 11,29)e, depois, no lava-pés, ele que era o Mestre, se
abaixou para fazer o mais humilde dos serviços, também, propôs como
modelo as crianças e entrou em Jerusalém montado num jumento. E, no
final, se deixou crucificar, anulando-se no corpo e na alma, para
conquistar-nos o Paraíso.
Por que tudo isso? O que movia o Filho de Deus?
Ele não fazia outra coisa senão revelar-nos o seu relacionamento com o
Pai; revelar o modo de amar da Trindade que é um mútuo “fazer-se nada”
por amor; revelar uma eterna doação
de um ao outro. Jesus derrama sobre a humanidade o amor trinitário que
alcança o seu auge, justamente, no ato de doar-se de maneira completa na
Sua Paixão e Morte na Cruz. Deus mostra, assim, a sua potência na
fraqueza. O seu amor é daqueles que elevam o mundo, porque se põe no
último lugar, no degrau mais ínfimo da criação.
É realmente humilde quem, seguindo o exemplo de Jesus, sabe fazer-se
nada por amor aos outros; quem se coloca diante de Deus numa atitude de
completa disponibilidade à Sua vontade; quem está vazio de si mesmo a
ponto de deixar que seja Jesus a vivê-lo. E, então, a sua oração será
atendida, porque quando pronunciar a palavra “Abbá-Pai”, não é mais ele
mesmo quem reza e sua oração obtém aquilo que pede, pois essa palavra
foi colocada em seus lábios pelo Espírito Santo.
A prece dos humildes atravessa as nuvens (Eclo 35,17)
O ponto culminante da vida de Jesus foi o momento em que Ele “dirigiu
preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas Àquele que tinha poder
de salvá-Lo da morte. E foi atendido, por causa de Sua entrega a Deus”
(Hb 5,7-8), ou seja, por causa da Sua oração inspirada na total obediência à vontade do Pai, devido ao seu pleno abandono n’Ele.
Eis a oração que atravessa as nuvens e atinge o coração de Deus: a
prece de um filho que se levanta da sua miséria para lançar-se confiante
nos braços do Pai.
Chiara Lubich – Fundadora do Movimento Focolares
Fonte: Canção Nova
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