Os ídolos prometem vida, mas na verdade a tiram, disse o Papa, dando continuidade ao ciclo de catequeses sobre os Mandamentos
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
Após um recesso nesse período de verão na Itália, o Papa Francisco
retomou nesta quarta-feira, 1º, as catequeses, seu encontro semanal com
os peregrinos de várias partes do mundo. O Santo Padre deu continuidade
ao ciclo de catequeses sobre os mandamentos, concentrando-se hoje no
tema da idolatria. Segundo Francisco, esse é um tema de grande
importância e atualidade.
“Não terás outros deuses diante de minha face”. A partir dessa
passagem do livro do Êxodo, o Papa explicou que esse mandamento proíbe
ídolos ou imagens de todo tipo. Citando o Catecismo da Igreja Católica,
lembrou que a idolatria não diz respeito somente aos falsos cultos do
paganismo, mas a uma constante tentação da fé, divinizar aquilo que não é
Deus.
“Estamos falando de uma tendência humana, que não poupa nem crentes
nem ateus. Por exemplo, nós cristãos podemos nos perguntar: qual é
realmente o meu Deus? É o Amor Uno e Trino ou é a minha imagem, o meu
sucesso pessoal, talvez dentro da Igreja?”.
Francisco observou que o mundo oferece um “supermercado” de ídolos,
que podem ser objetos, imagens, ideias, papéis. Nesse ponto da reflexão,
o Papa alertou sobre a “oração que se faz aos ídolos”. Ele falou de uma
recordação sua dos tempos de Buenos Aires: quando se deslocava a pé
para uma Missa, passou por um parque e viu pessoas jogando tarô. “Iam
ali para ‘rezar’ ao ídolo. Em vez de rezar a Deus que é providência do
futuro, iam ali porque liam as cartas para ver o futuro. Esta é uma
idolatria dos nossos tempos”.
A palavra “ídolo”, em grego, deriva do verbo “ver”. O Santo Padre
explicou que um ídolo é uma “visão” que tende a se tornar uma obsessão.
“O ídolo é na realidade uma projeção de si mesmo nos objetos ou nos
projetos”. E os ídolos exigem um culto, os rituais. O Papa lembrou que
na antiguidade se faziam sacrifícios humanos aos ídolos, mas também hoje
isso acontece.
“Pela carreira se sacrificam os filhos, negligenciando-os ou
simplesmente não os gerando; a beleza pede sacrifícios humanos. Quantas
horas diante do espelho! Certas pessoas, certas mulheres, quanto gastam
para se maquiar?! Também esta é uma idolatria. Não é ruim maquiar-se;
mas de modo normal, não para se tornar uma deusa. (…) Também a droga é
um ídolo. Quantos jovens arruínam a saúde, até mesmo a vida, adorando
este ídolo da droga”.
Por fim, o Papa mencionou o estágio mais trágico da idolatria: os
ídolos escravizam, prometem felicidade, mas não a dão, e a pessoa fica
presa à espera de um resultado que nunca chega.
“Queridos irmãos e irmãs, os ídolos prometem vida, mas na realidade a
tiram. O Deus verdadeiro não pede a vida, mas a doa, a presenteia. O
Deus verdadeiro não oferece uma projeção do nosso sucesso, mas ensina a
amar. O Deus verdadeiro não pede filhos, mas doa o seu Filho por nós”.
Francisco convidou os fiéis a pensarem em quantos ídolos eles têm,
porque reconhecer as próprias idolatrias é um início de graça e coloca
no caminho do amor. “Qual é o meu ídolo? Tirem-no e joguem-no pela
janela!”, finalizou.
Fonte: Canção Nova
0 comentários:
Postar um comentário