A oração transforma a alma
Quando um cristão mantém uma vida de oração constante e ela se torna eficaz na sua vida, os efeitos são transformadores na alma dele. Essa mudança começa a ser verificada nos impulsos que a sua própria alma a leva ter. Dessa forma, mais um vez, podemos entender o que é a oração para então verificarmos os seus efeitos. A santa da pequena via, Terezinha do Menino Jesus, expressa claramente que a oração “é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao Céu, um grito de reconhecimento e amor em meio a provação ou no meio da alegria”.
Podemos, tranquilamente, parafrasear Santa Terezinha e dizer que a oração é um grito da alma na alegria ou na provação, que é um olhar da alma para Deus, para o Céu, é um movimento de amor. Algumas são as características vistas em uma pessoa que se mantém constantemente em oração, vejamos estas características a seguir.
Foto ilustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com
A confiança da alma
A confiança é experimentada, de maneira mais própria, quando nos deparamos com uma tribulação. Essa é a primeira qualidade da alma orante, a confiança. Uma criança confia plenamente nos seus pais, porque, ela, durante sua vida, experimentou que pode lançar-se numa confiança filial por conta das atitudes dos pais. Essa é a confiança que devemos ter com Deus, pois precisamos confiar da mesma forma com que uma criança entrega-se aos pais.
O que podemos nos perguntar é o porquê do Pai não ter atendido ao nosso pedido no momento de dificuldade. E, isso, acabou prejudicando a nossa confiança em Deus. Antes de pensarmos pelo único lado de que Deus não nos atendeu, precisamos ter em mente o que a Carta aos Romanos (cf.: Rm. 8,26) nos diz: ‘Pois não sabemos o que pedir nem como pedir”. Deus sabe o que precisamos, da forma que precisamos e no momento que precisamos. Isso é uma verdade!
É por isso que: a alma que ora, mesmo quando não é atendida na sua oração, não perde a confiança. Porque sabe que Deus conhece as suas necessidades. Deus é Pai e como Pai não daria algo que não fosse levar seu filho à salvação. A Carta de Tiago continua a nos ensinar quando diz que não possuímos, porque não pedimos. E, quando pedimos e não recebemos, é porque pedimos mal (cf.: Tg 4,2-3). A oração deve lançar a alma ao abandono confiante à vontade do Pai.
A esperança da alma
Uma alma alimentada pela oração é cheia de esperança, mesmo quando aos olhos humanos não há esperança alguma. Isso é fruto da oração, porque quem ora sabe em quem deposita a confiança que gera a esperança. A Carta aos Romanos (cf.: Rm 5,5) ajuda-nos a entender o porquê dessa característica surgir na pessoa orante: “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nosso corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. É fruto do amor do Pai, Deus nos ama e, por isso, nos enche de esperanças. O Espírito Santo é quem age na alma orante.
Quando Adão e Eva pecaram, eles deixaram de escolher pelo amor de Deus e ficaram presos em um amor egoísta, voltados para eles mesmos. A oração nos convence de quem somos: filhos amados! E, por isso, podemos esperar de Deus, porque Ele nos Ama. Ele prometeu, Ele há de cumprir. O Catecismo da Igreja Católica, no n° 1821, traz o seguinte: “Podemos esperar, pois a glória do céu prometida por Deus aos que o ama e fazem sua vontade. Em qualquer circunstância, cada qual deve esperar, com a graça de Deus, ‘perseverar até o fim’ e alcançar a alegria do céu como recompensa eterna de Deus pelas boas obras praticadas com a graça de Cristo”.
A humildade da alma
A humildade é o fundamento da oração, pois a alma humilde reconhece a sua necessidade e a sua pequenez. Santo Agostinho chega a dizer que o homem é um mendigo de Deus. Ele é e sempre será necessitado de Deus. A parábola daqueles dois homens que subiram ao templo para rezar, retrata bem a diferença da oração humilde e da oração soberba.
Enquanto o fariseu batia no peito e exclamava que não era como os outros, ladrões desonestos, adúlteros e nem como aquele publicano. Ao contrário, o publicano nem tinha coragem de levantar os olhos e batia no peito pedindo perdão pelos pecados. Jesus diz que o último voltou para casa justificado e o outro não, pois aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado (cf. Lc 18,9-14). Somente os humildes estão abertos para receber algo, porque os soberbos já estão cheios e não precisam de nada. O humilde é sempre mendigo de Deus e de seus dons.
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A vigilância da alma
A alma orante é dominadora de si mesma, por isso, não se deixa possuir pelos desejos desordenados da carne. Quem contribui para esse domínio é a vigilância, essa, também alcançada pela oração. O Catecismo da Igreja Católica, n° 2730, compara a vigilância com a sobriedade do coração.
O evangelho de Mt 26,41 nos ordena: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação; pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca”. A vigilância, também, está associada à vinda de Cristo, pois, a alma que ora espera a plenitude da manifestação de Deus na segunda vinda de Jesus, assim como as virgens que se mantiveram vigilantes à espera do noivo que viria no meio da noite.
Alimentados pela oração, que Deus conceda a cada cristão cultivar, cada vez mais, as características da alma que é apaixonada pelo seu Senhor, por isso, se mantém em oração sem desanimar. Vivamos sempre na confiança, na esperança, na humildade e na vigilância à espera do Senhor que vem.
Fonte: Canção Nova
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