Ser mulher é ter atitude
“Exijo a sorte comum das mulheres nos
tanques, das que jamais verão seu nome impresso e no entanto sustentam
os pilares do mundo”.*
Oito de março, e lá vem aquela enxurrada de textos, vídeos e fotos
exaltando o Dia Internacional da Mulher. Neste texto, quero refletir,
porém, a partir de dois momentos da história que, sob meu ponto de
vista, exalam a feminilidade nas suas raízes, sem afetação nem vitimismo, mas de maneira bem objetiva.
Em 8 de março de 1857, 129 operárias que buscavam melhores condições
de trabalho entraram em uma fábrica em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e
foram mortas em um incêndio a mando dos donos da fábrica. Essas
mulheres eram exploradas no trabalho e tinham uma pauta legítima de
reivindicação. Elas se mobilizaram, agiram, não deixaram para depois nem
esperaram que algum anjo descesse do céu e alterasse aquela situação. Elas sofreram, mas não ficaram inertes ao sofrimento; morreram e mudaram a história, tanto que este fato se tornou mundialmente conhecido como o Dia Internacional da Mulher.
Algumas várias centenas de anos antes, em Caná da Galileia, em uma festa de casamento,
uma mulher percebe que o vinho, a alma da festa, acabou. Não é possível
saber como Maria, a Mãe de Jesus, percebeu isso, já que o único
evangelista que narra a história, João, não traz detalhes. Não sabemos
se ela ouviu as reclamações dos convidados, se quis provar a bebida e
não havia mais, se percebeu a movimentação dos empregados naquele local
sem saber o que fazer. Isso é o que menos importa.
O essencial é reconhecer que Maria
não foi espectadora daquela possível tragédia para um momento tão feliz
como um casamento. Ela agiu. Sem alarde, sem desespero, mas de maneira
objetiva e discreta, a mãe de Jesus comenta essa falta com seu filho. E
mesmo em meio ao questionamento de Jesus, Maria toma outra atitude
importante, de instrução dos que estavam servindo: “Fazei tudo o que ele
vos disser!”, confiante de que Jesus agiria a partir do seu pedido.
Maria teve atitude
Sem que ninguém pedisse a ela, a festa nem era dela, mas certamente
de alguém querido, afinal, no casamento, a gente convida pessoas
queridas. Maria observa a situação e faz o que está ao seu alcance. Ela
mobiliza quem pode resolver o problema. Essa mulher agiu e mudou a
história daquele casamento, evitou o constrangimento dos noivos e o descontentamento dos convidados; de quebra, Jesus fez Seu primeiro milagre, transformando água em vinho.
Nas duas situações acima, a atitude das mulheres alterou o curso da
história. Em ambas, podemos nos colocar no lugar dessas mulheres,
trazendo suas histórias para o nosso cotidiano feminino. Será que
estamos dispostas a buscar as condições ideais no trabalho, na família,
nos relacionamentos, mesmo que haja adversidades? Temos a sensibilidade
e a docilidade de agir quando percebemos que alguma situação precisa de
nós, naquilo que sabemos e podemos fazer? Ou somos dos grupo que
assiste ao bonde andando, ao trem descarrilhar, ao circo pegar fogo e,
apáticas, queimamo-nos juntos?
As mulheres não devem se acomodar, ao contrário, elas conseguem
perceber e se compadecer de situações de uma maneira genuína, própria da
feminilidade. Inclusive, um dos discursos do Papa Francisco
nos alerta que “a mulher tem uma sensibilidade particular pelas coisas
de Deus, sobretudo, para nos ajudar a compreender a misericórdia, a
ternura e o amor que Deus tem por nós.”
Leia mais:
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::A presença feminina no universo sertanejo
::A presença da mulher deixa o mundo em perfeita harmonia
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Misericórdia, ternura e amor
Ao olharmos para as mulheres, conseguimos entender um pouco mais de Deus. Quando falamos que Deus é misericórdia,
ternura e amor, ou seja, que Ele tem piedade, compaixão e solidariedade
para conosco, fica mais fácil entender se observarmos aquelas mães que
fazem de tudo pelos seus filhos,
que não desistem, que estão sempre prontas a perdoar os erros deles,
suas malcriações e também dispostas a dar a mão toda vez que a criança
(ou o adulto, seu filho ou não) cai.
Não somos iguais aos homens. Somos diferentes. Nem melhores nem
piores. Temos papéis diferentes, e nos completamos. Precisamos ser
mulheres de atitude, sem esperar que outros façam por nós o que nós
devemos fazer. Para isso, esteja atenta ao seu redor, às suas
necessidades, da sua família, dos seus colegas de trabalho e amigos,
e aja conforme a sua possibilidade. Eu não sei qual é a sua situação,
mas cada dia é um novo dia com seus desafios, suas urgências e seus
imprevistos. Peça a Deus, diariamente, que você tenha sabedoria para
discernir todas as situações em que você deve agir, e agir rápido.
Que, neste 8 de março, e em todos os demais dias do ano, nós mulheres
saibamos agir em favor do bem, da beleza e da verdade. Que os homens
nos honrem, cuidem de nós e nos valorizem; e que Deus nos abençoe nesta
jornada feminina, cada uma com a sua particularidade e vocação de vida, rumo ao céu.
Feliz Dia da Mulher!
Fonte: Canção Nova
Referências:
*retirado do poema Dolores, no livro Poesia Reunida, da poetisa mineira Adelia Prado.
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