Narra as Sagradas Escrituras que, depois que a Santíssima Virgem Maria ficou grávida do Menino Deus por ação do Espírito Santo, ela se dirigiu às montanhas da Judeia em que se encontrava a casa de sua prima Isabel. Isabel, por sua vez, também estava esperando um filho, João Batista.
Assim que Maria entrou na casa de sua prima, Isabel exclama agradecida: “Bendita és tu entre todas as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre” (Lc 1,42). Ainda por nascer, João Batista, como que percebendo a presença do Redentor da humanidade, estremece no ventre de Isabel. É justamente nesse momento que a Virgem de Nazaré derrama-se em humildade ao proclamar a lindíssima oração do Magnificat (cf. Lc 1, 46-55).
Esse cântico de Maria possui uma singular beleza poética e foi inspirado no segundo capítulo do primeiro livro de Samuel. De modo geral, observam-se no Magnificat três enredos fundamentais: a glorificação do Criador, a predileção de Deus pelos mais humildes e, por fim, a lembrança de que Deus cumpre as suas promessas. Nesse sentido, a nossa oração pessoal pode acompanhar ou até mesmo imitar esta linda oração que brotou do coração de Maria.
É muito significativo quando a Igreja propõe que o Magnificat seja entoado ao final da tarde na oração das Vésperas. Este é justamente o momento em que a luz do dia começa a ceder espaço para as sombras da noite. De maneira analógica e, por que não dizer alegórica, é possível associar a luz que se esvai gradativamente com a força do homem que, depois de um dia longo de labuta, também percorre o mesmo caminho.
Nesse sentido, pode-se considerar o cântico do Magnificat como o gonzo de uma porteira; aquelas que podem ser vistas nas propriedades rurais. Ao se fechar no final do dia, deixam melhor protegidos aqueles bens mais valiosos dos moradores daquela propriedade.
Por outro lado, o início da noite também é a hora do cansaço e das dores do corpo. É o momento de alegrar-se por tudo o que fora possível fazer durante o dia e de inquietar-se pelo que não foi feito. Enfim, é a hora propícia para uma profunda reflexão e, principalmente, reconhecer a presença e ação de Deus em cada circunstância do dia.
Aquele que canta o Magnificat, mesmo que desacompanhado, não se encontra só. Entoa com Maria e com toda a Igreja um cântico generoso de louvor e de gratidão a Deus. Por meio dele, retribui-se e reconhece-se a generosa bondade de Deus que foi capaz de realizar maravilhas em favor daquela humilde criatura que canta.
Quem reza o Magnificat, portanto, está se colocando junto à Maria e, com ela, testemunhando para o mundo sua condição servil e, ao mesmo tempo, fraterna para com seu Criador e Redentor.
Que tal nos unirmos a Virgem Maria e rezarmos agora?
Deus abençoe você e até a próxima!
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